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segunda-feira, 4 de junho de 2012

une nuit donnée

Foi um dia longo aquele. A tarde estava quente e o tempo parecia não passar e, a cada minuto, lhe vinha à mente coisas a fazer, coisas a serem concluídas, pendências superficiais, mas que deveriam ser terminadas. Seu corpo transpirava debaixo da coberta de pelo e do lençol barato em que se enrolava. O sol começava a se pôr, e o céu banhava-se de tons alaranjados.

Adormeceu. Mas não se sentia em casa.

Não sei bem ao certo com o que sonhou, algo entre fantasia e um pouco de uma realidade cotidiana. As horas passavam mais rápido agora e, num estalar de dedos, pensou ter caído no sono por mais tempo do que deveria. Dormira apenas algumas horas, horas poucas para que o corpo pudesse descansar. Estava em sua cama, mas naquele momento desejou estar em um lugar mais confortável.

Acordou. Viu que a lua iluminava o céu de modo que as estrelas pareciam reverenciar a dama branca. A noite se fez longa, assim como o dia quente de domingo. Não conseguia pensar em mais nada. Olhava ao redor, e pode perceber cada objeto naquele quarto improvisado.

Sua cama ao centro lhe proporcionava uma boa visão de tudo. À sua esquerda se via um balcão com alguns livros velhos e uns papéis empilhados... talvez até bagunçados. Ao virar-se, pode ver seu armário de livros e a velha fotografia de luzes em seu topo. Alguns papéis e roupas se espalhavam pelo chão. O guarda-roupas com portas abertas indicava que alguém havia estado ali.

Sentou-se na beira de sua cama. Olhou para frente e viu sua mesa. Não queria ter de se levantar. Mas teria de fazê-lo mais cedo ou mais tarde. Levantou-se... e só então percebeu que adormecera por cima do livro que estava lendo.

Olhou para um porta retrato, largado no chão próximo à sua cama. Foi até a cozinha, pegou algo para comer, bebeu uma taça daquele vinho barato. Mas não se sentia em casa.

Voltou ao seu quarto. Sentou-se na cadeira em frente à sua mesa. Enfrentou todos aquele papéis que deveria arrumar. Olhou para sua cama. Levantou-se e foi deitar-se.

A lua iluminava o quarto. Era jovem ainda. Teve dificuldade para dormir. Em muitos momentos não sabia ao certo se dormia ou se estava viajando por entre suas ideias. Demorou para dormir, mas, de olhos fechados... tentou imaginar como estaria tudo lá fora.

O tempo passava e, ainda sem saber ao certo se dormia ou se pensava, virou-se de lado na cama. O calor lhe incomodava... sonhou ter tirado a coberta de cima de seu corpo molhado. Sonhou apenas, isso é fato.

Não sei ao certo o que sonhou aquela noite. Não sei ao certo se pensou em mais algo... aquela noite. De olhos fechados, apenas revirava-se de um lado ao outro da velha cama de solteiro com colchão de molas. De olhos fechados, não queria saber de mais nada naquela noite.

Adormeceu enfim. Com um sorriso no rosto, parecia divagar ao olhar o teto branco daquele quarto improvisado. Virou-se de lado e, pareceu... finalmente... se sentir em casa.

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