A festa havia acabado. A lua já se preparava para dar espaço
ao astro rei. Ainda se ouvia um som aqui ou ali, mas as ruas estavam vazias.
Aos poucos foram se despedindo das outras pessoas que lhes acompanhavam. A
noite não estava fria. Não estava quente também. O tempo era agradável a
qualquer um que por ali quisesse flanar.
Três corpos. Três almas caminhando por entre a selva de
pedra. Amor. Tesão. Sexo. Palavras estas que rondavam pelo ar. Seus corpos
exalavam sensualidade. Entre olhares e sorrisos, como que por instinto suas
bocas se tocaram. Não havia mais ninguém ali. Apenas três jovens com vontade de
curtir. Experimentar o novo.
Poderiam entrar em qualquer espaço da avenida, mas decidiram
ir a um lugar reservado. Garotos de programa, prostitutas, mendigos, uma cidade
suja começara a aparecer. O cheiro de sexo agora estava no ar. Encontraram um
motel ou algo parecido em uma das esquinas. Entraram.
A timidez parecia não exercer nenhuma influência no seu
desejo. A manhã tardara a clarear, e o ambiente escuro onde entraram lhes soou
um tanto acolhedor.
Sentimentos à flor da pele. Toques sensuais. Beijos
calorosos. Peça por peça, e a roupa ia se espalhando pelo chão. A intimidade do
corpo posta a prova naquele quarto de motel. Na rua, pessoas passavam. A cidade
começava a ter vida. E entre quatro paredes, no quarto número 8, desejo, tesão,
o novo, sendo experimentados. O sexo sendo descoberto.
Carícias provocantes. O ritmo crescia. O ritmo da cidade
acelerava. O sol já começava a aparecer, o cheiro de sexo continuava nas ruas
da cidade. Três amantes. Desconhecidos, mas se amavam.
As pernas entrelaçadas, beijos ardentes. Três corpos
envoltos em si. Três corpos nus. Livres de dogmas e paradigmas. Envoltos por
uma onde de paixão e desejo. Envoltos pelo prazer. Movimentos leves, sensuais.
Respiração ofegante, mãos quentes, um toque firme e o ápice do prazer. O doce
sabor do prazer. A pele sensível, os olhos cansados, corpos em chamas.
Lá fora o sol brilha. As pessoas correm para chegar aos seus
destinos. A vida noturna dorme. Não há cheiro de sexo. O progresso vive. A
selva de pedra condena. Os três, juntos. Os corpos, cansados. Os olhos,
sonolentos.
A água cai sobre o corpo em um banho morno. As roupas vão se
recompondo. Nada mais no chão, nada mais no quarto. Nada mais entre estes três
seres. O cheiro do desejo permaneceu ali. A cidade olha, vigia, condena. A
saída.
Os olhos se cruzam. Apenas a cumplicidade desconhecida nas
ruas da cidade. O quarto 8 vai ficando pra trás. E como num encontro casual, a
despedida singela.
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